Se ser conservador é não aderir a esta linguagem "politicamente correcta", geradora de posições extremadas, que ainda por cima representa a tremenda ignorância da gramática da língua de Camões, fico feliz por estar do lado certo.
Aqui fica a minha intervenção:
Exma Senhora Presidente e restante mesa, senhores vereadores, colegas parlamentares e restante público,
Com a preocupação de defender os direitos das mulheres, em 1984 o governo francês fez aprovar uma lei que criou uma comissão de terminologia cujo objectivo era a feminização dos títulos e das funções no vocabulário respeitante às actividades das mulheres.
A referida comissão veio a concluir que a preferência pelo masculino não minimizava o valor do feminino, referindo que “herdeiro do neutro latino, o masculino mostra-se imbuído de valor genérico, sobretudo nos casos de plural que lhe atribuem a capacidade de referir indivíduos dos dois sexos, neutralizando assim os géneros”.
Imaginemos agora o seguinte escrito:
O trabalho aborda as áreas de distribuição das alcateias de lobos e de lobas, na região transmontana onde pastores e pastoras ainda guardam rebanhos de ovelhas e de carneiros, com a preciosa ajuda centenária dos cães e das cadelas.
Poderá um texto destes passar a ser a forma gramaticalmente correcta de abordarmos tudo o que for designado por substantivos ou adjectivos de duplo género, os antigos neutros latinos? Ou isso seria apenas para o género Homo?
Não, claramente! A gramática não é machista.
A associação do género gramatical ao género natural ou de sexo, é abusiva. As crianças podem ser do sexo masculino, apesar do género gramatical, tal como as vítimas e as testemunhas podem ser homens.
Na mesma linha, uma baleia não é necessariamente uma fêmea.
Na opinião de Isabel Casanova, "não é verdade que a língua reflecte os valores, usos e costumes da sociedade ou que promova a desigualdade se usarmos uma linguagem que consagra a ideia do masculino gramatical como universal."
Acusar a gramática é alijar responsabilidades da sociedade, é lançar poeira para os olhos em nome do politicamente correcto, mas sobretudo é um erro grave: quem provoca desigualdades é a própria sociedade.
Uma escola está cheia de professores, homens e mulheres, tal como este parlamento tem parlamentares que se designam por Deputados, com letra grande, que têm nas suas fileiras deputadas e deputados (com letra pequena).
"A distinção não é entre masculino e feminino, mas sim entre marcado e não marcado. O masculino gramatical é o género não marcado, semelhante ao género neutro latino", de onde deriva a nossa língua.
O dever do professor não exclui a professora, tal como se alguém gritar “chamem um médico”, não está a excluir a ajuda feminina! Tentar convencer a sociedade que é a gramática que minimiza ou tenta minimizar a mulher, é passar um atestado de menoridade às próprias mulheres.
Tal como ontem me dizia o meu filho, quando há tanto, tanto, mas tanto para fazer, vocês perdem tempo com estas merda!